terça-feira, 1 de maio de 2012

Dia do Trabalhador


A Bênção do Trabalho


É pela bênção do trabalho que podemos esquecer os pensamentos que nos perturbam, olvidar os assuntos amargos, servindo ao próximo, no enriquecimento de nós mesmos.


Com o trabalho, melhoramos nossa casa e engrandecemos o trecho de terra onde a Providência Divina nos situou.


Ocupando a mente, o coração e os braços nas tarefas do bem, exemplificamos a verdadeira fraternidade e adquirimos o tesouro da simpatia, com o qual angariaremos o respeito e a cooperação dos outros.


Quem não sabe ser útil não corresponde à Bondade do Céu, não atende aos seus justos deveres para com a humanidade e nem retribui a dignidade da pátria amorosa que lhe serve de mãe.


O trabalho é uma instituição de Deus.




SENDA DE PERFEIÇÃO
Quem move as mãos no serviço,
Foge à treva e à tentação.
Trabalho de cada dia
É senda de perfeição.


Meimei
(Mensagem do livro "Pai Nosso", recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier - Edição FEB.)

quarta-feira, 18 de abril de 2012

18/4 - Dia do Livro Espírita

O LIVRO ESPÍRITA
Emmanuel
Cada livro edificante é porta libertadora.
O livro espírita, entretanto, emancipa a alma, nos fundamentos da vida.
*
O livro cientifico livra da incultura; o livro espírita lira da crueldade, para que os louros intelectuais não se desregrem na delinqüência.
*
O livro filosófico livra do preconceito; o livro espírita livra da divagação delirante, a fim de que a elucidação não se converta em palavras inúteis.
*
O livro piedoso livra do desespero, o livro espírita livra da superstição, para que a fé não se abastarde em fanatismo.
O livro jurídico livra da injustiça; o livro espírita livra da parcialidade, a fim de que o direito não se faça instrumento de opressão.
O livro técnico livra da insipiência; o livro espírita livra da vaidade, para que a especialização não seja manejada em prejuízo dos outros.
*
O livro de agricultura livra do primitivismo; o livro espírita livra da ambição desvairada, a fim de que o trabalho da gleba não se envileça.
*
O livro de regras sociais livra da rudeza de trato; o livro espírita livra da irresponsabilidade que, muitas vezes, transfigura o lar em atormentado reduto de sofrimento.
*
O livro de consolo livra da aflição; o livro espírita lira do êxtase inerte, para que o reconforto não se acomode em preguiça.
*
O livro de informações livra do atraso; o livro espírita livra do tempo perdido, a fim de que a hora vazia não nos arraste à queda em dívidas escabrosas.
*
Amparemos o livro respeitável, que é luz de hoje; no entanto, auxiliemos e divulguemos, quanto nos seja possível, o livro espírita, que é luz de hoje, amanhã e sempre.
*
O livro nobre livra da ignorância, mas o livro espírita livra da ignorância e livra do mal.
Francisco Cândido Xavier. Da obra: Doutrina e Vida

segunda-feira, 5 de março de 2012

Guia Para Estudo da Codificação Espírita

Amigos espíritas,


Gostaria de convocá-los para criarmos um grande Guia Para Estudo da Codificação Espírita.


Trata-se de um catálogo de todas as obras complementares, com o intuito de auxiliar o estudo dos itens, ou conjunto de itens da codificação. Posteriormente, faremos um catálogo temático, com busca por palavra-chave.


A planilha que iniciará a base de dados está disponível para consulta e edição, aqui. Ou no link, abaixo:


https://docs.google.com/spreadsheet/ccc?key=0Ata9xQYyPLFRdEJ4d0swZHA2aWRvaExZbHhDZ2VYNHc#gid=0


A comunidade de cientistas online, Galaxy Zoo, conseguiu, através da colaboração, mapear o universo inteiro. Nós podemos mapear a codificação!


Todos nós poderemos colaborar e usufruir do guia.


Para colaborar, basta escolher uma obra de sua preferência, criar uma nova planilha (caso ainda não exista), listar os capítulos do livro e incluir a referência, na coluna ao lado. 


Dúvidas? Basta seguir o exemplo da planilha "292 - Modelo", baseada no Livro "O Espírito da Verdade", que já nos traz as referências.

É permitido:
- Incluir novas obras no catálogo (cuidado para não duplicar);
- Adicionar referências, mesmo sem catalogar a obra inteira;
- Continuar a inclusão de referências em planilhas iniciadas por outros usuários;
- Adicionar mais referências nas obras já catalogadas.


Encontrou um erro?
- Modifique a cor da fonte para vermelho. Em seguida, informe o erro entre parênteses.


Tem alguma dúvida ou sugestão?
- envie um e-mail para espiritadigital@gmail.com


Ajudem a construir e a dilvulgar essa iniciativa, para proveito de todos nós!


Forte abraço,

sábado, 24 de dezembro de 2011

CANÇÃO DO NATAL


Espírito: CASIMIRO CUNHA.

          Mestre Amado agradecemos,
          em teu Natal de alegria,
          a paz que nos anuncia
          a vida superior...
          Por nossa esperança em festa,
          pelo pão, pelo agasalho,
          pelo suor do trabalho,
          louvado seja, Senhor!...
         
          Envoltos na luz da prece,
          louvamos-te os dons supremos,
          nas flores que te trazemos,
          cantando de gratidão!...
          Felizes e reverentes,
          rogamos-te, Doce Amigo,
          a bênção de estar contigo
          no templo do coração.


LIVRO ANTOLOGIA MEDIÚNICA DO NATAL - Psicografia: Francisco Cândido Xavier - Espíritos Diversos


sábado, 9 de abril de 2011

Fora Da Caridade, Não Há Salvação


          Em busca de uma vida melhor, de um “daqui a pouco”, melhor que o agora, a máxima “Fora da caridade não há salvação” é a diretriz que supera qualquer manual corporativo, estratégia de mercado, ou fundamentalismo diferente.

Surge para dar sentido mais preciso à formulação anterior: “Fora da igreja não há salvação”, que mantinha a salvação, ou um futuro melhor, apenas no alcance de determinados cristãos, seguindo determinados dogmas.

Vamos entender melhor de onde surgiu a máxima: “Fora da Igreja Não Há Salvação”.

Se partirmos de um passado mais próximo, lembraremos que durante as eleições presidenciais, no ano passado, um dos debates que ganhou destaque na atenção da mídia e nas discussões públicas, foi o posicionamento, a favor ou contra, dos então candidatos, no que se referia à legalização do aborto. Houve tentativa de movimentos articulados entre os grupos religiosos, demonstrando que a política e a religião, não andam assim tão separados como se imagina.

Quando retrocedemos ainda mais no tempo, recordamos períodos em que a relação do poder com a religião, principalmente, balizada na igreja católica, era ainda mais intensa e conflitante. Desde a legitimação do cristianismo, a partir do imperador Constantino, o Império Romano pretendia, através de uma aliança com a religião cristã, difundir um império universal, que se impusesse sobre tudo e todos.

A relação entre o império e a igreja passou por vários conflitos, numa queda de braços ininterrupta. Até que, no século XIII, num momento em que a Europa Ocidental vive um momento de prosperidade, através do crescimento das manufaturas e do comércio, a igreja corre o risco de ser relegada ao segundo plano. Aliás, até hoje é comum procurarmos o templo, somente no momento de crise. Enquanto isso, com o avanço da economia, a monarquia ganhava força.

Foi então, que numa atitude política, com o intuito de reconquistar a posição de outrora, a igreja representada pelo Para Inocêncio III, convocou um concílio que reuniria mais de 1200 líderes das igrejas, representando mais de 80 províncias. O Concílio de Latrão. O resultado desse encontro foi a divulgação de 70 cânones que faziam frente aos problemas internos da Igreja. Através de um novo projeto jurídico de organização. Criaram leis sobre questões civis e organização da sociedade. Estabeleceram a igreja católica como provedora da vida social e da salvação, ao mesmo tempo em que recomendaram punições aos que não compartilhassem das mesmas crenças. Lei severa, com conseqüências, ao mesmo tempo, religiosas e civis.

Entre todos os 70 cânones, um se faz especial para esse estudo, é aquele que dizia  entre outras coisas que “Fora  da igreja, não há salvação”. Resumindo todo o pensamento eclesiástico, daquele tempo, inibindo e punindo outras possibilidades de se levar a vida.

Para nossa felicidade, o destino de espírito está na vontade de Deus e não nas idéias de alguns homens. Mas com passar dos anos, outras vertentes religiosas pretenderam para si, a mesma glória. Surgiram também correntes filosóficas que tentaram, inutilmente, acabar com a idéia de Deus. Como se Ele fosse deixar de existir só porque a gente, em algum momento, não acredita. As novas religiões, as novas filosofias levaram até a máxima de que “Fora da Verdade Não Há Salvação”.

Ora, se cada um de vocês que me ouve fosse representante de uma igreja ou idealismo diferente e eu perguntasse, com qual de vocês está a verdade, tenho certeza de que cada um levantaria a mão e diria convicto “comigo”. Mesmo que a verdade estivesse com um de vocês, todos os outros estariam excluídos da salvação. Então, nem a primeira “Fora da Igreja Não Há Salvação”, nem a segunda que “Fora da Verdade Não Há Salvação” refletem a idéia de um Pai amoroso, justo e bom, que pretende para todos, mesmo os desprovidos de instrução a possibilidade de vencer as barreiras que impedem a chegada a tempos melhores.

Para nosso alívio, a marcha constante nos leva ao amadurecimento das idéias, até que Kardec, codificador da Doutrina Espírita, orientado pelos mensageiros do bem, vem nos esclarecer acerca da Lei de Amor. E é assim, que nos recobra duas idéias fundamentais para entender o verdadeiro meio de salvação. A primeira nos é apresentada, por Jesus, como mandamento maior:

“Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo”;

A segunda nos alerta para a maneira como cumprir o mandamento maior:

“Todas as vezes que fizerem o bem para um dos teus irmãos, a mim mesmo o fizeste” e por conseqüência “Todas as vezes que faltastes com a assistência a um destes mais pequenos, deixastes de tê-la para comigo mesmo”.

Assim, o caminho para a salvação nos é apresentado de maneira clara. Se a máxima moral é a prática da caridade, através do amor, e não podendo amar a Deus e faltar com a caridade para com o próximo a conclusão que se tira da lei moral ensinada por Jesus é que não é possível amar a Deus e faltar a caridade para com o próximo, logo “Fora da Caridade Não Há Salvação”.

Vejamos que não se trata apenas de acreditar, nisso ou naquilo. Cumprir esse ou aquele ritual, mas somente através da prática da caridade é que podemos cumprir o mandamento maior. Assim, não há nenhuma doutrina que possa se afirmar como a possibilidade única, já que o futuro da criatura humana depende do amor que possa por em ação.

Lembramos-nos que Paulo de Tarso, na epístola aos coríntios, atribui importância maior a caridade, do que a própria fé, ao afirmar: “Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e a caridade. Mas a maior destas é a caridade" Será então que a fé não é importante?

Como nos ensinou Joanna de Angelis, “a fé é uma atitude de segurança íntima”, a impor-se de dentro para fora. Desenvolvida de acordo com progresso intelectual e moral que pudermos arrecadar. Por isso mesmo, se apresenta em estágios diferentes. Reduzir a salvação somente àqueles que desenvolveram a contento a fé, seria tirar a salvação do alcance de muita gente. Já a caridade está ao alcance de todos. É possível ao homem de grande formação intelectual e ao servo humilde que pratica o bem, da maneira que pode.

Há, ainda, outro motivo pelo qual a caridade é indispensável para a construção de um futuro melhor. Ainda de acordo com Paulo de Tarso a fé “é posse antecipada” daquilo que pretendemos alcançar. Mas para chegarmos até lá, é preciso que façamos algo. Vejamos a anedota abaixo:

O caipira e o Fazendeiro
O fazendeiro estava interessado nas terras do caipira, que estavam à venda.
- Essa terra da milho? Pergunta o fazendeiro.
- Num dá num senhor.
- Da amendoim?
- Também num senhor.
- Da soja?
- De jeito maneira!
- Da arroz, Feijão, cereais?
- Nada de nada!!!
- Então quer dizer que não adianta plantar que não dá nada?
- Bom, plantando é outra coisa, ai dá né!

Por mais que seja simplista e cômica, a anedota acima explica muito bem porque é necessário plantar. Cada um de nós que tenha em mãos um punhado de sementes, sabe que se escolher bem o terreno, utilizar adubo, regar de maneira adequada e tiver paciência, terá, em breve, bom resultado do plantil. Mas não basta ter essa certeza, ou essa fé ociosa, é preciso plantar! Só assim será construído o futuro que se espera.

Muitas vezes, ainda confundimos cumprir a vontade de Deus, com o ato de tentar não fazer o mal. Adotamos a máxima: “Não faça ao outro o que não gostaria que ele vos fizesse”. No Espiritismo,  conhecemos a Lei de Causa e Efeito, no entanto, muitas vezes, também nos contentamos em evitar o mal. Esquecemos todos que o mal também é a ausência do bem. Assim, mesmo quando aceitamos resgatar as dívidas do passado, por vezes, esquecemos de plantar a glória do futuro.

Há doutrinas em que o arrependimento basta. Há outras em que basta a crença e o cumprimento de rituais. Há até as doutrinas em que o mais importante é o nada, quando se entende o Nirvana, de maneira equivocada. Em todas elas, o homem é muito pouco e não terá a chance de ser mais do que isso. O espiritismo, consolador prometido, nada teria de consolador se apenas viesse justificar o porquê de sofrermos. O que adiantaria dizer para uma mãe, que seu filho desencarnou antes de aprender a falar, porque ele assim o merecia? Adiantaria dizer que apesar da aparência, aquela criança não é inocente? Até aí, aonde está o consolo?

O verdadeiro consolador é aquele que demonstra que o sofrimento é a lição que nós precisamos, não só para reparar o passado, mas principalmente para aprender a construir um futuro melhor. Assim, vamos adotar uma máxima mais ativa: “Fazer todo o bem que nos for possível e que desejáramos nos fosse feito”, nos aproximando do sentido amplo da caridade: “Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas.”

Para nosso deleite, a leitura se encerra com a luz que nos lança Auta de Souza.

“Nas lutas do dia-a-dia,
Caridade é o passaporte
Para as mansões da alegria
Que brilham depois da morte.” 

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Rotina e Acomodação: Causas, Consequências e Alternativas

Acordo à mesma hora. Levanto do mesmo lado da cama e calço as sandálias, na mesma ordem. Ainda com a visão nublada, começo a recobrar a programação que me aguarda. Nada muito diferente de ontem. Nada tão diferente do ano passado. Assim mesmo, a expectativa das próximas horas retoma uma ponta de descontentamento. Se a semana acaba de começar, penso "mais um dia", mas se o fim de semana se aproxima, pondero "menos um dia".

Se alguém puxa um assunto que me obrigue a pensar, me falta paciência para prestar atenção. Já penso demais no trabalho, aliás não sou reconhecido por isso. Quando vem à cabeça uma boa idéia; uma alternativa para abrir um negócio e trabalhar com aquilo que sempre quis, o coração, na hora, acelera: Bem que poderia dar certo! Mas logo passa. Não tenho o capital para investir, nem tempo pra pensar nisso, não posso arriscar, vai que não dê certo.

Preciso mesmo é de um bom emprego. Preciso de um emprego com estabilidade, um cargo público, com 14º salário e plano de carreira e premiações.  Assim é que deve ser.  É o que todo mundo deseja. Alías, quanta competição! Todos perseguindo os mesmo prêmios. Melhor não sonhar. Boa mesmo é essa vida que a gente pode levar. Pra ficar um pouco melhor, só falta trocar esse carro, alcançar a estabilidade e ter mais tempo pra mim.

É assim que se cai na rotina...

A frustração por não ter alcançado as realizações sugeridas por nosso tempo, provoca diferentes reações no indivíduo, alguns aderem a correria e sofrem de ansiedade, outros se põe na defesa e preferem a acomodação, através dos impositivos da rotina. É o tempo do Homer Simpson e do Al Bundy, vendedor de sapatos do seriado "Married... with Children" (Um Amor de Família - no Brasil). É figura do "perdedor" que abandona qualquer perspectiva de melhoria e chega a fingir que gosta da rotina.

Com medo de fracassar, estabelece poucos e corriqueiros objetivos. Por consequência, perde o entusiasmo e a vontade de viver. Para extravasar a tensão, faz uso dos mesmos meios: experiências extravagantes, bebida, internet, TV e sexo, etc. A neurose que desenvolve nos rituais e os excessos que comete como válvula de escape acabam por desenvolver doenças na mente e no corpo, das enfermidades físicas às morais.

A possibilidade de deixar para trás a rotina é lançar-se a novos ideais de amadurecimento das emoções e sensações. Voltar o olhar para os outros, suas necessidades e as batalhas permite que o homem extrapole as barreiras do seu mundinho. Quando procura e aproveita as oportunidades de ser útil, descobre motivos de sobra para preservar a vida, pois nota o valor de seu trabalho e de si próprio. Com vontade de viver, melhora os seus hábitos e sua paisagem mental. É assim que se descobre o quanto é reconfortante a convivência pacífica e, rebaixam-se os valores materiais ao plano secundário. Para que sirvam ao homem em vez de submetê-lo.

A criatura humana precisa estar acima das exigências do instinto e das pequenas realizações oferecidas pelo mercado. Só assim pode viver de maneira saudável, levando em conta as necessidades e potenciais do ser integral.

Essa breve reflexão retoma a leitura de grandes psicólogos à luz dos esclarecimentos de Joanna de Angelis.

Mensagem Espírita Digital

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Crônica: O guarda-chuva - A importância dos pensamentos

Era um senhor um tanto reservado, solteiro, com ingresso comprado para embarcar na melhor idade (cá entre nós, a melhor idade costuma ser aquela que a gente não tem no momento). Vizinho por pura arbitrariedade territorial e figura conhecida pela simpatia de dar inveja aos retirados. Todos os dias passava por mim, e sem mudar de expressão levantava a voz como quem tinha que levantar uma tonelada e deixava escapar dos lábios algo parecido com um “ooopa”, seguido de uma embromação, que não era exatamente o meu nome, nem o de nenhum dos cumprimentados pelo vizinho.


Ocorreu foi que um dia, algo que não estava lá antes entrou em cena, durante os passos que precederam o encontro, parecia que alguma coisa daria ao vizinho a chance de cruzar o meu caminho sem o ardor da saudação. Chovia, avistei de longe o cidadão que vinha em minha direção. Ele trazia na mão algo que seria naquele dia mais que o abrigo da chuva, era uma espécie de livre-arbítrio em versão estampada e automática. Ao passo que ele chegava mais perto, o seu amigo guarda-chuva descia mais. No início cobria os olhos, depois continuou descendo, até que cruzou o meu caminho com o rosto coberto. Sim, ele estava livre da perturbação momentânea que antecede a simples decisão de cumprimentar ou não àquele que vem em sua direção.


Resolvi lançar mão de todos os “ooopa’s” recebidos antes. Pensei: - então eram todos de veneta, um árduo dever criado por uma ética imaginária de vizinho. Com mais calma, voltei atrás, pensando bem, lembro-me de ter sofrido a angústia da dúvida quando vinha lá de longe aquele conhecido, que nem era tão conhecido assim, a partir daí você só têm alguns poucos segundos para decidir, falo ou não falo? Quando o sujeito se aproxima, te lança aquele olhar que se por acaso coincidir com o momento em que você está olhando, existem grandes chances de ter ali um cumprimento, se não, é necessária muita bravura de um dos envolvidos pra não dar a vitória ao “eremitismo”. Ainda dizem que o “homem é um animal social”.


Pensemos então: quantos de nós pensam no "bom dia" antes de lançá-lo àquele que vai em direção oposta? A ciência avançou no sentido de perceber o quanto os nossos pensamentos implicam em nosso organismo. Já descobrimos que a atividade cerebral gera impulsos de energia, de maneira que transmutamos fluidos magnéticos, da mesma forma que processamos o ar respirado. Será que vamos persistir na analogia e lançar no ar apenas gás carbônico?


É uma grande mudança de perspectiva notar que o “boa tarde”, o “bons sonhos”, o "boa leitura" e, principalmente, o “boa prova” podem ser promovidos de votos a ações efetivas. Isso quer dizer que deixamos de desejar e passamos a interferir. É claro, o salmão não passou a migrar para a água doce na época da reprodução depois da descoberta dos pesquisadores. Já o faziam antes, e nosso pensamento também. A nossa intuição não nos deixa duvidar. Quantas vezes deixamos escapar um “tomara que caia” quando um apressado esbarra em nosso ombro, ou pensamos alto um “vai errar” quando o jogador do outro time vai cobrar o pênalti? Na mão inversa, podemos usar o nosso pensamento de maneira positiva, impregnar o nosso ar com vibrações positivas. O cumprimento deve então ser promovido de simples ritual para ação invisível. A fala é a materialização, imagem sonora, representativa da nossa vontade.

Pois bem, nadamos no mar de nossos próprios pensamentos e podemos nos dar conta que cuidar do meio ambiente quer dizer começar por nossa atividade mental. Por falar em água, esqueci o vizinho lá na chuva. E se eu passar por ele amanhã? Devo iniciar ou retribuir o “ooopa”? Por hora posso deixar a decisão de lado, afinal de contas, o tempo ainda não mudou e pra todos os efeitos ele, o guarda-chuva, estará conosco mais uma vez.