domingo, 14 de novembro de 2010

Mensagem espírita: Lei do Progresso

Quem preferir pode ouvir e baixar o áudio no link:  
 http://www.4shared.com/audio/_nsSzYdG/Progresso_da_humanidade.html

Afinal a humanidade progrediu ou vivemos um momento de atraso, na perspectiva moral? Como podemos entender melhor as transformações na vida em família e em sociedade?

O homem evolui constantemente e está na estrada que leva à perfeição.
Imaginemos que todos nós estamos num grande ônibus de turismo. Hora, a velocidade aumenta, hora diminui. Em alguns momentos, vai tão devagar, que parece estar parado. Mas o certo é que o veículo não tem marcha ré e a estrada tem vários caminhos em mão única, mas não tem nenhum retorno. É assim que se processa o progresso, hora de maneira lenta e gradual, hora acelerado por eventos programados pela Divina Providência, certo é que não há possibilidade de retrocesso, na perspectiva da evolução espiritual.

Quando ouvimos notícias alarmantes, seja pela TV ou diretamente por outras pessoas, temos a impressão de que o mundo está piorando, as pessoas esqueceram a moral e os bons costumes. Alguns citam a falta de segurança, outros a falta de vergonha com que os crimes são praticados de maneira explícita. Quantas vezes escutamos a palavra “atraso” para qualificar a condição atual de ações humanas? Diante dessas percepções de que maneira podemos entender a caminhada evolutiva? É nesse ponto que os espíritos nos dizem que se observarmos o conjunto, vamos notar que o homem avança. Livro dos Espíritos - Q.784.

Não é muito difícil entender o porquê dessa sensação de retrocesso. Às vezes, na escola, as crianças comentem um monte de erros e injustiças para com os colegas. Se alguém apronta uma travessura, quem leva a culpa é aquele que ainda não sabe defender-se. Além do castigo, recebe apelidos ofensivos, é excluído das brincadeiras e passa a encarar o colégio como verdadeiro tormento.

As criancinhas vão crescendo e aos poucos percebem o mal que causaram a elas próprias e aos outros. A exclamação é inevitável. Quanta coisa errada nós fizemos e ainda estamos fazendo! Amadurecer ajuda a gente a perceber um monte de erros ao nosso redor. É quando notamos o quanto o nosso ônibus de turismo, a Terra, está sujo. O fato de a gente começar a enxergar os problemas, não quer dizer que o mundo piorou. Os problemas sempre estiveram lá, nós é que não enxergávamos. Assim entendemos melhor a resposta dos espíritos a Kardec, quando afirmaram que o progresso intelectual “faz compreensíveis o bem e o mal. O homem desde então, pode escolher.”

A humanidade, porém, não está limitada aos espíritos encarnados na Terra. Isso quer dizer, que levando em consideração apenas os espíritos aqui encarnados, juízo equivocado faríamos da atual condição humana. Lembrar disso implica em algo muito importante: o modo como vemos o homem na Terra, também tem relação com o grupo que está encarnado,  neste momento. Aliás, o processo de regeneração por que passa o Planeta está diretamente ligado aos grupos de espíritos que reencarnam ou deixam de reencarnar no nosso planeta.

Mesmo que tenhamos a certeza do progresso da humanidade, algumas comparações são inevitáveis. Vemos, hoje, o enfraquecimento de instituições de grande importância como o casamento, a escola e organizações ligadas ao Estado. Assumir um ou outro retrocesso não contraria a lei geral do progresso, principalmente, se entendemos que os períodos de grandes transformações são também períodos de turbulência.

É hora de subirmos um degrau na tentativa de melhor entender o processo de mudança. Ao buscar a vida junto à civilização, o homem abre mão de um pouco de liberdade. Precisa obedecer a regras e respeitar os limites impostos pelas instituições. Em troca, recebe um pouco mais de segurança.

O homem moderno busca a ordem. Tenta criar um mundo previsível, um ambiente sem imprevistos, um lugar favorável à ação exata. Entendemos bem isso, se pensarmos que havia projetos de vida. O futuro era mais ou menos previsível. A vida em família, em seguida a escola, as instituições militares, em resumo, um verdadeiro projeto de vida para diminuir os equívocos, limitar a liberdade de escolha e assim minimizar e coibir as más tendências do ser humano.

Na modernidade, o homem tinha melhor noção do seu lugar e dos papéis que assumia. Como disse o sociólogo austríaco, Alfred Shutz, “é possível que cada um encontre seu lugar”, usando como referência os valores sustentados pelas instituições e pelas heranças culturais transmitidas dos pais para os filhos.

O homem que não compartilhasse dos mesmos valores era considerado estranho. O estranho poderia perturbar a ordem, perturbar a limpeza. Levadas ao extremo, essas idéias resultaram, por exemplo, no movimento nazista, que buscava eliminar o que perturbava a pureza. O resultado nós conhecemos: ódio racial e extermínio de milhões de pessoas.

Por outro lado, os valores modernos asseguravam a ordenação da vida em família. O homem, por exemplo, entendia o papel de pai, os sacrifícios envolvidos e as garantias recebidas em contrapartida. Em termos gerais, o pensador Zigmund Bauman - retomando reflexões de Freud - afirma que o homem trocava a dúvida da felicidade, pela certeza de não ser infeliz, temia ser desventurado. Assumia a profissão mais ou menos indicada, que garantia alguma segurança.

Os projetos de vida da modernidade, no entanto, deram pouca importância para a dimensão espiritual da vida. Acreditava-se que seria satisfatório conquistar fortuna, segurança no trabalho, ocasião de vivenciar prazeres e boa apresentação perante a sociedade. Como nos ensina Joana de Angelis, a humanidade não levou em conta a busca pelo “equilíbrio interior, domínio de si mesmo, o idealismo, a harmonia pessoal e a boa estruturação psicológica”

Sem a reforma interior necessária e desacreditado da possibilidade de encontrar uma nova e perfeita ordem, o homem moderno viu as instituições não darem conta de sustentar valores preponderantes à manutenção da ordem. Tudo isso somado às revoluções tecnológicas, o crescimento do capital e a impossibilidade de controle do Estado resultou em mudanças, hoje incontestáveis. As empresas assumem os vazios deixados pelo Estado.  Um exemplo claríssimo está no crescimento dos planos de saúde, que mostram incredulidade nos organismos de saúde pública. Ouvimos com frequência frases como “Depender do SUS? Deus me livre”.

Na ordem dos valores morais, mudanças importantes também ocorreram. Desiludidos com os projetos rígidos de segurança, o homem, troca a segurança, por um pouco mais de liberdade. Assume o risco da  infelicidade e busca o prazer. Aliás, é comum, hoje, que a gente se sinta obrigado a ser feliz. Não é por acaso que uma das maiores buscas do homem contemporâneo seja a do reconhecimento social.  No mínimo, precisamos mostrar para os outros que nós somos felizes, seja na apresentação presencial, ou nas fotos do Orkut.

Pessoalmente:
- Como vai meu amigo?
- Tudo ótimo, e com você?
- Tudo bem!

No Orkut, as frases exibidas e a legenda das fotos contam as últimas experiências maravilhosas que vivemos na última viagem, na boate, nos eventos e por aí vai.

Com a transição dos valores, os papéis na família se confundem, filhos ditam regras, pais resistem a assumir a fase adulta, a juventude chega cedo e demora mais a terminar. A socióloga e psicanalista, Caterina Koltai, nos lembra que o casamento diminuía a liberdade pela segurança. Essa liberdade que o casamento diminui, a gente pode entender, por exemplo, com relação as livres associações afetivas. O fenômeno de conhecer e se relacionar com várias pessoas. Ter muitos laços e não estar preso a nenhum. A família e os papéis de pai e mãe são incertos, porque envolvem sacrifícios. Daí a pouca separação de funções entre pais e filhos. Adolescência precoce e mais extensa. Parece ser mais difícil suportar uma perda necessária para fazer parte do mundo dos adultos, mundo do amor e do trabalho.

Com os valores em conflito, o vazio é preenchido pelo consumo e pela busca do prazer imediato. Muito comuns frases como “viva o hoje”, “curta o momento”. A nossa ansiedade mal contida costuma resultar em “sofrimento, insatisfação, e angústia” que surgem logo após as sensações “momentâneas e vãs” como bem nos lembra Joana de Angelis no livro “Adolescência e Vida”. Precipitamo-nos com a sede de quem quer beber a água do mar. Mas a água salgada, além de aumentar a sede, deixa o gosto amargo na boca, nos explica o próprio Divaldo em suas palestras tão valiosas.

Todos esses conflitos ajudaram o homem a reconhecer necessidades fundamentais. Num mundo competitivo e individualista, a lógica permanente é da disputa, concursos, vestibulares e competições: “cada um por si e salve-se quem puder”. Desiludido, o homem reconhece sua fraqueza, quando sozinho, aceita melhor a idéia religiosa, tolera melhor às diferenças. O estranho passa a ser “o diferente”, as diferenças são toleradas, ao menos no nível do discurso. Essas mudanças são mediadas pelas mensagens nas mídias, hora o discurso de pertencimento com a tal sandália que “todo mundo usa”, hora a busca por parecer diferente com o clichê do “fuja do comum”, que de certa forma é resultado da crise do mercado que não sabe mais o que oferecer.

Diante de tantos conflitos internos, o homem mais esclarecido, pelo desenvolvimento intelectual, entende melhor os valores morais e melhor se prepara “para as lutas nem sempre fáceis do processo evolutivo”, encontrando resistência na busca “da reflexão, da alegria de viver, dos prazeres éticos e da recreação“. Em outras palavras, a auto-realização como ser humano, substitui o desejo imediato do possuir. Assim, a codificação espírita nos conta que “depois de se haver, de certo modo, considerado todo o bem-estar material, produto da inteligência, logra-se compreender que o complemento desse bem-estar somente pode achar-se no desenvolvimento moral.” A Gênese, Cap. XVIII – 6. 

Ampliando nossos conhecimentos e mais disciplinados moralmente, apuramos no senso de justiça. Hoje mesmo, podemos até reconhecer que a maioria das leis tem fundamento e atendem em boa parte o que nós entendemos por justiça e direitos humanos. Arrisco até a dizer que o problema passou a ser mais de aplicação do que de criação. Thomas Jefferson dizia que “Se os homens são corruptos, as leis são inúteis”. No mínimo, as leis ainda imperfeitas evitam abusos ainda maiores. De certa forma, ainda punimos, porque não aprendemos a educar. Damos a “palmada corretiva”, porque não aprendemos, ou nos recusamos a aprender a dar o verbo. Educar dá trabalho.

Retornando a metáfora da infância, percebemos o quanto crescemos e ainda precisamos crescer. E o que pode nos ajudar a fazer nosso ônibus da evolução andar mais depressa? O espiritismo, ou de maneira mais específica, as verdades universais e imutáveis que o espiritismo representa.

A evolução intelectual é rápida, como bem vemos. Hoje, um celular parece moderno, amanhã ele já parece um tijolo. Ontem, ter energia elétrica era um luxo, hoje a maioria de nós já tem. Não podemos negar que o homem avança muito rápido no sentido intelectual. Pode parecer que a ciência ajuda a produzir mais coisas, a vender mais coisas e a fazer mais dinheiro. Então, a ciência aumenta a ambição e o desejo de posse? Sim, o homem pode ter mais. Não vamos negar isso. Muitos homens gastam dinheiro em pesquisas para descobrir como ganhar mais dinheiro. Mas o conhecimento traz esclarecimento. Assim, os cientistas são forçados a reconhecer que existe vida além da matéria. Os psicanalistas são levados a assumir que nós trazemos distúrbios que começam antes dessa vida. Os psicólogos reafirmam que as posses materiais não representam a felicidade. E todos nós vamos perceber que não poderemos ser felizes, causando, ou se quer, permitindo o sofrimento do próximo. Por fim, vamos reconhecer o amor e a caridade como caminho inevitável para o bem-estar e progresso da humanidade.


domingo, 7 de novembro de 2010

Mensagem Espírita de Otimismo - A Fé

Quem preferir, pode ouvir e baixar o áudio no link: 
http://www.4shared.com/audio/xRw2bMlA/A_f_transporta_montanhas.html


O que é fé? Como ela pode transportar montanhas?

 Neste momento, enquanto respiramos, sentimos o ar que ocupa lugar nos nossos pulmões. O peito infla, ou melhor, infla o abdômen, quando usamos corretamente o diafragma. Não podemos ver esse ar que respiramos, mas sentimos claramente o efeito da respiração. Não se trata de uma crença, nem de uma esperança, muito menos se trata de uma projeção da qual tentamos nos convencer que seja verdadeira. Temos certeza de que estamos preenchidos por esse ar. Estamos convictos da sua presença, dentro de nós. Mais do que isso. Já aprendemos que ela é indispensável à vida. Um dia, teremos essa convicção a respeito da fé. Sentiremo-nos preenchidos por ela. Notaremos que ela está dentro de nós e que é indispensável à vida.

         Agora mesmo, no ambiente onde cada um de nós se encontra, estamos cercados pelo o ar, que é absorvido por nossos pulmões, que retiram o oxigênio e liberam o gás carbônico. Do mesmo modo, estamos submersos num mar de fluidos que sofrem a ação do nosso pensamento. A ciência avança no sentido de perceber que a energia é constituída pelas mesmas propriedades da matéria, porque ela também é matéria. Ao mesmo tempo, descobre-se que o nosso pensamento irradia ondas capazes de interferir no nosso organismo fisiológico. Isso quer dizer que o pensamento é, literalmente, ação. E como diz o Evangelho Segundo o Espiritismo o pensamento combinado com o poder magnético pode realizar o que acreditávamos serem prodígios, mas que na verdade são fenômenos naturais.

Quando Jesus libertou obsidiados e obsessores, um da influência do outro, utilizou de sua autoridade moral e de seu domínio desse fenômeno fluídico. Retirou as teias que prendiam o obssessor ao obsidiado e harmonizou ambos com fluidos terapêuticos, cheios de amor. Em alguns casos de subjugação, é essa a alternativa para os espíritos que se recusam a ouvir os ensinamentos do doutrinador. É como se pelo pensamento, se pudesse enfraquecer os músculos de alguém que prendeu o outro num abraço e se recusa a soltar. Quando não dispomos dos recursos magnéticos e da sabedoria do Mestre Jesus, recorremos à confiança e à erteza do socorro da Povidencia Diina, é assim que a nossa fé, pode de fato atingir o objetivo necessário.

Nessa analogia, a diferença é que o ar vem de fora para dentro. E a fé, precisa vir de dentro para fora. Por isso mesmo é que a fé precisa ser baseada na confiança em Deus e na auto-confiança. Não se trata de esperar uma solução que venha de fora para dentro. A fé é "uma atitude de segurança íntima." Que aliás, já está em todos nós, mesmo que de maneira embrionária. Joana de Angelis nos ensina que, no início da vida humana, "há uma crença automática, natural, herança arquétipa das gerações passadas, que induz à aceitação dos fatos, das idéias e experiências, sem análise racional. E existe aqueloutra, que é resultado da elaboração da lógica, das evidências dos acontecimentos com as quais a razão anui. Crê-se, portanto, por instinto e por conhecimento experimental".

Desse modo, o sentido da Fé se aproxima do termo grego "Pistia", do qual foi traduzido e, que significa: estar convicto de que determinada crença é verdadeira. No caso dos gregos, a crença era baseada na narrativa mítica. O mito, como bem sabemos, é uma tentativa de explicação sobre a origem de determinada coisa. Ainda hoje, a filosofia e ciência tentam dar conta da origem das coisas. A explicação que adotamos agora é condizente com a nossa capacidade de raciocínio, assim como a explicação pelo mito, atendeu a condição de determinada sociedade. Os mitos haviam de ser convincentes o bastante para que houvesse aceitação, não eram criados aleatoriamente. Como bem nos ensina Emmanuel: "O que crê, apenas admite, mas o que se ilumina vibra e sente. O primeiro depende dos elementos externos, nos quais coloca o objeto da sua crença; o segundo é livre das influências exteriores, porque há bastante luz no seu próprio íntimo.  Conseguir a fé é alcançar a possibilidade de não mais dizer: “eu creio”, mas afirmar: “eu sei”.

Entender a fé como "saber" e não como "crer", diminui o exercício sincero da devoção e da confiança em Deus?
A fé naquilo que não se conhece tem mais valor? Não. O pai altíssimo criaria um mundo de ilusões e transitoriedades apenas pra nos confundir os sentidos? Só aquele que, por sorte ou instinto puro, remasse na direção certa, estaria no caminho certo para a felicidade? Pois não seria esse o cenário em que a razão fosse dispensável a fé?

Vamos além. Que diferença então teria o conhecimento científico, o saber pela reprodução do fato científico, do saber consequência da fé?

A lei de Deus já está gravada em nossa consciência. É verdade, desenvolvemos a Fé através das experiências, mas o instinto e a transcendência a uma esfera acima de nós são indispensáveis ao saber da Fé, enquanto o conhecimento puramente científico se dá numa esfera menor. É uma pequenina roda dentada que gira uma engrenagem. Saber que o fogo queima não nos parece transcendental, basta o instinto primitivo, para que os animais também o saibam. Aliás, a ciência descobre com muito esforço, ainda hoje, coisas que os animais percebem pelo instinto. Aí estão as catástrofes naturais, que escapam dos aparelhos, para mostrar isso.

Pois bem, a fé está além da crença sem o apoio da razão e está além do saber, puramente, experimentável. Porque ela vem de certeza maior. Quem tem fé, tem fé em alguma coisa ou em alguém. A verdadeira fé é a fé em Deus. Por que nós só descobrimos algo pela ciência porque Deus criou a Lei Natural. Aquela que permite que as coisas funcionem e se manifestem de maneira lógica. De maneira previsível aos nossos estudos. A gravidade obedece a uma lei. Não se modifica a cada dia. A composição da água também e por aí vai. O saber da fé também é assim. Trazemos em nós uma "certeza instintiva na Sabedoria de Deus que é a sabedoria da própria vida. Palpita em todos os seres, vibra em todas as coisas.  Mostra-se no cristal fraturado que se recompõe, humilde, e revela-se na árvore decepada que se refaz, gradativamente, entregando-se às leis de renovação que abarcam a Natureza." Sabendo que a nossa Fé surge da relação e da confiança no criador

Como nos revela a literatura espírita, o egoísmo é a imperfeição humana mais difícil de desenraizar. O meio de destruir o egoísmo é conseguir fazer sobrepujar o lado espiritual sobre o material. No início, fazia sentido que o homem se desesperasse para salvar-se da assustadora natureza. Hoje, porém, Já temos oportunidade de nos afastar da infância espiritual. Fazer brotar em nós a semente plantada pelo Pai Altíssimo. Comecemos a pensar se o que estamos planejando para o restante da semana leva em conta a dimensão espiritual da vida. A sociedade moderna nos deixou uma lição muito importante nesse sentido. Havia projetos de vida, idéias de pureza e de beleza, no sentido da ordem. No entanto, grandes misérias humanas ocorreram, pela ausência da dimensão espiritual nos planos da humanidade. Hoje ainda, nos sobram exemplo de pessoas que têm tudo o que planejaram, mas não são felizes, pois deixaram de lado a dimensão espiritual da vida. Não tem fé.

Eis uma sequencia lógica até a Fé:
Acreditamos em Deus. Acreditamos em sua bondade infinita. Sabemos então que Deus não nos dá tarefa alguma que não tenha certeza de que podemos cumprir. Certo? Pois bem, se Deus, que tudo sabe, tem certeza de que nós podemos vencer os desafios que enfrentamos, quem somos nós para dizer que não? Confiemos em nós, porque confiamos nele.

Como diz Emannuel:
A maioria de nós, inquietos por nossas dificuldades, "pede alívio, apressadamente, como se a consolação real fosse obra de improviso, a impor-se de fora para dentro", como nos ensina Emmanuel. Pedimos a Deus que nos livre, das mesmas provações que a divindade planejou para nosso aprendizado. Imagine isso: Um professor prepara a aula e o aluno súplica com lágrimas nos olhos - Oh mestre, livra-me dessa apostila. Os exercícios me causam dores excessivas e as avaliações me atormentam. Sou infeliz! Com uma agravante: Colhemos o que plantamos, do contrário, Deus não seria justo. Quando um acontecimento nos abala. Bastaria-nos saber que as provações são oportunidades de crescimento. Lembrar que todos marchamos em direção a felicidade. Assim, aquele que chora, hoje, irá sorrir, amanhã. Portanto, vamos trabalhar com empenho e alegria.


Não há obstáculo intransponível, pois a fé, mesmo que pequena como um grão de mostarda, pode remover as montanhas. Acreditar que a caridade é o caminho para ascensão moral impulsiona a nossa luta contra a vaidade, quando nos envergonhamos de oferecer o pouco que se tem, para quem tem menos ainda. A fé rompe a barreira do medo de não ser compreendido, quando mesmo sabendo da retaliação tomamos a atitude certa. A imponência da verdade divina está acima dos nossos argumentos frágeis e desculpismos, quando pretextamos incompreensão, falta de recursos, falta de conhecimento e daí por diante. Reconhecendo o nosso potencial, nosso caráter de semente. Saberemos que a fé nos ajuda a transpor nossas maiores montanhas, que são nossas imperfeições morais e nossos vícios.


Para melhor fixação do assunto, indico o conto Fé e Perseverança pelo espírito Meimei.

CLIQUE PARA LER FÉ E PERSEVERANÇA 

      Que todos nós possamos a aprender a lapidar as pedras que recebemos com perseverança e confiança.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Perdão: Para que serve?

Quem preferir, pode baixar o áudio no link: http://www.4shared.com/audio/I9wTQTzu/O_Valor_do_Perdo.html


Todos nós, de maneira mais ou menos consciente buscamos uma vida melhor. Ao ser humano é natural e constante o desejo de progredir somando mais conhecimento e, ao mesmo tempo, aprendendo a viver melhor consigo mesmo e com os outros. O raciocínio lógico nos mostra que adotar a máxima do amor, não é escolher um caminho de dor. É, pelo contrário, encontrar o equilíbrio e uma maneira mais tranqüila de levar a vida.

Não estamos sós no mundo. Nossas atitudes afetam a vida dos outros e a atitude dos outros afetam a nossa vida. Mas não podemos esquecer que é  nossa a conduta que nos afeta diretamente.

Às vezes nós abrimos a boca e defendemos a nossa opinião como a mais pura verdade. É então, que no auge da nossa fala, surge alguém e nos contradiz, afirmando opinião contrária. Sentimos o ataque na hora. Porque a bela imagem da nossa personalidade acaba de ser manchada pelas palavras do outro. Esquecemos que somos mais do que a nossa própria opinião. Por sermos  orgulhosos, guardamos a idéia do ataque que acabamos de sofrer.

Em outros casos, um chefe ignora o nosso esforço no trabalho e oferece ao funcionário mais preguiçoso a promoção que foi disputada por todos. Aí, pensamos nas nossas necessidades financeiras, no nosso mérito, nos nossos planos, nos nossos, nas nossas, nos nossos... Quando não conseguimos superar a esfera do “eu”, deixamos de lado outros fatores que podem ter levado a certas decisões. Somos orgulhos, somos egoístas, guardamos a idéia de injustiça.

Acontece ainda de alguém fazer mal àquelas pessoas a quem amamos, nos valemos, então, de uma falsa compaixão para dizer – mexe comigo, mas não mexe com a minha família. Recordemos então, do que perguntou Jesus: – Quem é minha mãe? – Quem são meus irmãos?. Organizamos passeatas quando morre um filho nosso. Filho de quem? Filho de Deus, antes de tudo. Que foi morto por outro filho do mesmo Pai. Esquecemos que não há posto definitivo de vítima e vilão. Enquanto não acaba a briga, enquanto não há perdão, uma hora somos vítimas, outra hora somos vilões. Então, guardamos a idéia da covardia contra alguém a quem amamos.

Às vezes a punhalada vem de onde menos se espera. Ou de onde a gente finge que menos se espera. Vem do nosso companheiro, ou companheira. Nós não consideramos nossos próprios atos. Sentimos a perda da posse, sentimos  o ataque à auto-estima. Perdemos a segurança em nós mesmos, construída da maneira errada, mas dizemos que o que perdemos foi só a confiança no outro. Guardamos a idéia da traição, da mentira.

E com a nossa consciência, vai tudo bem, obrigado? Nem sempre. Ás vezes também estamos a remoer uma ação equivocada. Sentimos-nos diminuídos diante de um vício que não conseguimos largar. Nesse momento, ao invés de crescer diante do problema, nos diminuímos. Guardamos a idéia de impotência e de fraqueza. Chegamos a sentir pena de nós mesmos.

Vejam só, em tão poucas palavras, nós já guardamos o ataque da opinião contrária, a injustiça no ambiente de trabalho, a covardia contra alguém de quem gostamos, a traição e a mentira do companheiro e a nossa fraqueza diante dos mesmos erros de sempre. Quantas coisas ruins nós podemos guardar.

Alguns dos leitores podem ter se identificado com as situações acima, outros terão de fazer uma busca mais profunda na consciência. Eu costumo perceber que um sentimento desagregador me perturba, quando estou a pensar em algo útil e, em seguida a idéia perturbadora, incômoda, volta à cabeça. Isso é muito comum quando trocamos palavras mais ásperas com alguém. Ficamos a reconstruir e repisar aquele diálogo, pensando no que mais poderíamos ter dito, para sairmos vitoriosos do bate-boca, ou simplesmente para “colocarmos tudo pra fora”. Na verdade, a gente vai se desgastando. A gente perde energia remoendo diálogos, a gente perde tempo e recurso planejando vinganças, que vão aumentando o problema.

É isso que o perdão pode extrair de nós: o sentimento de que fomos prejudicados pelo outro. O sentimento de que somos mesquinhos porque falhamos novamente. Enfim, o perdão pode retirar a idéia perturbadora de alguma coisa que nos atingiu.

Se alguém nos provoca e nós nos desequilibramos, cedemos à orientação de um desorientado. Como se um doente te dissesse - grita comigo, e você gritasse.

O perdão é olvidar do mal. Abrir mão da represália. Não adotar a vingança. Nós passamos por experiências diversas e escolhemos o que levamos conosco. Perdoar é deixar de lado o mal causado pelos erros e, ao mesmo, tempo aprender com as experiências vividas. “Dar o direito a cada um de ser como é. Concedermos a nós mesmos o direito de ser como estamos.”

O perdão a nós mesmos consegue a oportunidade de redenção para os atos de que nos envergonhamos. O perdão transforma a desarmonia em amor, faz um inimigo, tornar-se um amigo, traz ao coração toda a paz que precisamos para uma vida melhor.

Falando assim parece fácil, mas como é que se faz isso?

Vamos buscar essa resposta no evangelho:
Jesus assim nos diz: se perdoardes aos homens as suas ofensas, vosso Pai celeste também vos perdoará.” – “Mas se não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai vos perdoará”.

É assim que se passa na Parábola do Credor Incompassivo. O senhor perdoa uma enorme dívida do seu servo. Mas o servo que recebeu o perdão, não quer perdoar uma dívida muito menor de um companheiro que lhe deve. Assim somos nós, esperando o perdão dos nossos erros e nos negando a perdoar os erros dos outros.

De maneira simples, a lição é a de que a chave para perdoar os outros está em reconhecer em nós indivíduos sujeitos ao erro. Sabemos que não somos o erro, apenas erramos e podemos deixar de errar. O mesmo devemos desejar ao outro.

Assim, o mestre nos diz “Ame ao próximo como a ti mesmo”. Podemos começar querendo para o outro, inclusive para os desafetos, o bem que queremos para nós. Pode ser difícil, mas precisamos começar, precisamos tentar.

Como funciona na prática:

 - Um ótimo exercício é pensar como a vida seria melhor se aquele rancor não existisse. Como a vida seria melhor se aquele inimigo fosse um amigo.

- Não congestione a raiva, deixe a escapar. Ter a descarga é um fenômeno fisiológico. Mas devemos nos lembrar de não ficar contra o infrator e sim contra a infração. Não descarregue devolvendo a agressão. Descarregue livrando-se da ofensa. Quantos nos xingam sem nos ofender?

- Não se preocupe em perdoar de imediato. Para não incorrer no erro da desonestidade. Perdoe assim que possível, desde que perdoe de verdade.

        Assim evitamos as contradições:
        Eu perdôo, mas ele me paga.
        Eu perdôo, mas Deus não vai perdoar.
        Eu perdôo, mas nunca mais quero vê-lo.

Vamos assumir que se uma atitude nos revolta, quer dizer que ainda não estamos muito acima da atmosfera daquele erro. Diz o E.S.E: “O ódio e o rancor denotam uma alma sem elevação, nem grandeza.”

Por fim, vamos aprender com a oração de Bezerra de Menezes, que nos lembra que devemos  pedir pelos que causam o sofrimento, não só pelos que sofrem. Aquele que comete um crime já está encarcerado pela consciência. É  um infeliz, mesmo que ainda não o saiba. Aquele que nos ofende, está mostrando claramente um defeito. Quer maneira mais direta pra se pedir ajuda? Quem não quer ajuda, esconde o problema.

Se alguém discorda de sua opinião, lembre do que Jesus perguntou a Pedro:
“Não será vaidade exigirmos que toda a gente faça de nós elevado conceito?” ; “Agradar a todos é marchar pelo caminho largo onde estão as mentiras e a convenção”

Quando uma decisão parece injusta, considere-a por todos os ângulos e, se necessário, perdoe o outro por não ter usado as mesmas razões que você usaria, lembrando que você também já cometeu injustiças.

Ainda a Pedro, Jesus disse: “Temos que garantir que em todos os casos usaremos a boa-vontade, lembrando que ninguém vai até Deus levando um sentimento impuro no coração”

Eis porque aprendemos que temos que perdoar para sermos perdoados. Quando não perdoamos, não é Deus que nos castiga, mas as manchas de hipocrisia na nossa própria consciência. “Para nós, perdão. Para os outros, não.”

Quando alguém nos atira uma pedra, perde a tranquilidade, por saber que a qualquer momento a pedra pode voltar em sua direção. Se devolvermos a pedrada, seremos reféns do mesmo processo. Se ainda não puder lapidar a pedra, se desfaça dela. 

Isso quer dizer que para defendermos a paz em nossos corações. A paz de que precisamos para o trabalho útil, para as palavras inspiradas e inspiradoras, para a entrega a arte, para a tolerância dos desafios, devemos olvidar o mal. Afirmarmos em tom de coragem: - Eu me encarrego de fazer terminar aqui esse desafeto.

Leia o conto:  Construtor de Pontes. Divulgue essa mensagem de perdão e reconciliação.

Eis o grande valor do perdão: O fenômeno de transformar excremento em adubo. A maneira de se transformar uma lança atirada em nós, em uma bengala oferecida para o inimigo debilitado. Enfim, libertar-nos dos sentimentos torturadores, plantar afetos e ter paz para nosso crescimento espiritual.